Com seu chapéu de mundo,
com suas palavras de sal
e aconchego de ventanias.
Havia na sua pele queimada de salitre e cobre,
a conduta de luta na vertente da sua poesia.
Falante nos signos probos;
"Caliente"no afligir de um povo,
pura esperança empesteada de alegria.
Solidária e sólida, tamanha de natureza libertária,
pródiga voz de amor irrigada.
Sendo poeta popular tem nos versos vastidão.
Intimidades acessíveis a todos, e ao desespero da agonía.
Neruda e seus olhos sem beiras.
Vinha de palavras a serem bebidas
no cálice do nosso tempo,
trazia o mar na soleira da humana fisionomia.
O mar de sua casa de pedras, com suas portas abertas,
com as janelas escotilha miradas para lua.
Descanso de ilha negra nessas portas que abertas continuam.
Seu lugar na poesia é simples de gente, é semente de sol,
é estrelato de céu.
Uma decupagem das noites de amor,
no infinito rápido da humanidade.
Neruda de todos, fecundos das palavras suas:
Camponeses e operários, desempregados e trabalhadores,
amantes e apaixonados.
Poeta serviçal de toda gente neruda.
Viajante e senhor de estradas, e de sonhos.
Senhor de tristezas pátrias e de partidas tantas,
poeta do mundo e das ruas do seu Chile regenerado.
Foi quem desenhou amores, na arquitetura dos meus beijos,
no aconchego das bocas queridas de calor.
Neruda que quando foi, deixou por derradeiro aqui sua vida.
Ainda que a tenha confessado como tendo sido vivida.
Mauro Maciel
http://www.mauro-