segunda-feira, 12 de julho de 2010

Neruda

O primeiro poeta que admirei foi Neruda.
Com seu chapéu de mundo,
com suas palavras de sal
e aconchego de ventanias.
Havia na sua pele queimada de salitre e cobre,
a conduta de luta na vertente da sua poesia.

Falante nos signos probos;
"Caliente"no afligir de um povo,
pura esperança empesteada de alegria.
Solidária e sólida, tamanha de natureza libertária,
pródiga voz de amor irrigada.
Sendo poeta popular tem nos versos vastidão.
Intimidades acessíveis a todos, e ao desespero da agonía.

Neruda e seus olhos sem beiras.
Vinha de palavras a serem bebidas
no cálice do nosso tempo,
trazia o mar na soleira da humana fisionomia.

O mar de sua casa de pedras, com suas portas abertas,
com as janelas escotilha miradas para lua.
Descanso de ilha negra nessas portas que abertas continuam.
Seu lugar na poesia é simples de gente, é semente de sol,
é estrelato de céu.
Uma decupagem das noites de amor,
no infinito rápido da humanidade.

Neruda de todos, fecundos das palavras suas:
Camponeses e operários, desempregados e trabalhadores,
amantes e apaixonados.
Poeta serviçal de toda gente neruda.
Viajante e senhor de estradas, e de sonhos.
Senhor de tristezas pátrias e de partidas tantas,
poeta do mundo e das ruas do seu Chile regenerado.

Foi quem desenhou amores, na arquitetura dos meus beijos,
no aconchego das bocas queridas de calor.
Neruda que quando foi, deixou por derradeiro aqui sua vida.
Ainda que a tenha confessado como tendo sido vivida.

Mauro Maciel
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com/

Ao amigo Neruda

Ora caminhando nas nuvens, ora deitando com estrelas, me sinto compelida a te mandar, em beijos, esta carta, caro amigo Neruda. Queria que me ensinasse a descrever certas coisas, sabe, essas fumaças repentinas que surgem na nossa mente, mente de poeta; transformar o que o olho vê e a mente imagina em metáforas. Porque às vezes sinto que as nuvens continuam sendo nuvens, e as borboletas continuam borboletas, e meus textos continuam apenas um amontoado tosco de palavras.

Ah, poeta! Queria sentar aos teus pés e te ouvir, feito criança encantada com os sulcos fundos dos rostos senis. Queria que voltasse do sonho e me mostrasse o firmamento, apontando para algum brilho escondido não notado antes.

Pablo, meu príncipe, meu amigo, meu apanhador de sonhos, um cúmplice. Já não é mais segredo que te tenho em conta, e tu dormes ao meu lado, nas noites mais febris. Meu Pablo. Sei que posso tê-lo assim, pois que te vejo à minha frente, sorrindo, juvenil.

Me ensina?

Cristina Linardi

http://cristinalinardi.wordpress.com

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Poço

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar,
trazendo restos

do que achaste
pelas profunduras da tua existência.


Meu amor, o que encontras

em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?

O que vês, de olhos cegos,

rancorosa e ferida?


Não acharás, amor,

no poço em que cais

o que na altura guardo para ti:

um ramo de jasmins todo orvalhado,

um beijo mais profundo que esse abismo.


Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.

Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.

Ela voltará a ferir-me

sem que tu a dirijas,

porque foi carregada com um instante duro

e esse instante será desarmado em meu peito.


Radiosa me sorri
se minha boca fere.

Não sou um pastor doce

como em contos de fadas,

mas um lenhador que comparte contigo

terras, vento e espinhos das montanhas.


Dá-me amor, me sorri

e me ajuda a ser bom.

Não te firas em mim, seria inútil,

não me firas a mim porque te feres.


Pablo Neruda

Mary Trarbach

O ARTISTA

Texto de Mary Trarbach


Quem é o pai de todas as artes? Quem é o maior artista do universo?


Ele inventou a música, e ensinou aos pássaros a magia de cantar.


Inventou o ballet, e ensinou aos galhos das árvores como se dança a coreografia regida pelo vento.


Colocou limite nas águas, que embora em maior quantidade, respeitam a terra.


O mar! Num ballet majestoso de idas e vindas, mostra toda sua beleza abrigando vidas.


Pintou a natureza com uma diversificação de cores e enfeitou a nossa existência com a primavera.


Salpicou o céu de estrelas. Fez a luz e a escuridão. Deu-nos o paladar... Fez tudo o que há para trazer poesia e prazer de viver.


O pai de todas as artes, para nossa felicidade, a cada dez anos permite que anjos equivalentes a um por cento de toda a população da terra; venham em forma humana para estrearem no grande palco da vida...


Suas virtudes e defeitos são para disfarçar sua real condição. São imortais, pois atravessam os séculos por meio de suas obras.


Por isso existem os artistas, estas criaturas fantásticas, com toda a sua sensibilidade.


Algumas pessoas, embora não sendo artistas, são anjos também, pois são imortais através do amor que distribuem.


Como são discriminados estes seres! Alguns considerados loucos...


A grande maioria é ridicularizada. Sofrem preconceitos e abusos psicólogos. Mas os anjos não se deixam abater por estas adversidades. Não permitem que lhes roubem o fogo da criação.


Sofrem com as injustiças e por causa delas perdem oportunidades, mas não permitem que lhes amputem a alma de artista, que é a chama de sua vida.


Por isso são imortais. Para citar um exemplo, escolhi Van Gogh. Foi considerado um louco, viveu na miséria, passou fome e em toda a sua vida vendeu um único quadro. Mas não desistiu de seu sonho e por isso hoje ainda vive através de sua obra e é considerado um dos artistas mais caros e respeitados do mundo. Como ele, muitos outros vivem. Graças a Deus!


Como são sábios estes anjos! Vivem em nosso meio disfarçando para não serem identificados como tal! Mas não é difícil identificá-los porque não são arrogantes.São simples e desapegados as futilidades. São irreverentes, amam muito e têm uma sensibilidade visível. Olham para tudo com olhos de poeta. Enxergam a poesia num simples bater de asas de um inseto. Até nos cascalhos encontram beleza!


Existem pessoas que querem ser artistas, mas não são anjos. Usam a arte e toda a sua beleza apenas como instrumento para brilharem e temporariamente serem reconhecidos... Usam máscaras diante do público passando-se por especiais, mas na sua essência revelam que nunca serão imortais. O sucesso é passageiro...


Agradeço ao pai das artes DEUS, que me deu o privilégio de ser amiga de alguns destes anjos e assim poder receber o reflexo da luz que emana destas criaturas tão abençoadas.


FIM

Rodrigo Gallo

Rio de Janeiro, 7 de julho de 2010.

Caro neruda

Ando pela rua vazia cuja a tal conhece meus passos. Ainda me pergunto para saber qual é a sua opnião sobre a américa ltina de hoje. Ainda me pergunto se o senhor gostou dos jogadores latino americanos na Africa. Fico me perguntando e chego a seguinte conclusão: Você não esta morto, Você esta vivo. Você que cantou nos seus versos Luiz Carlos Prestes, hoje o Arte em Andamento fala: SILENCIO, QUE EL BRASIL HABLARA SU BOCA! ou melhor dizendo SILENCIO: QUE LA AMÉRICA LATINA HABLARA LA BOCA DE NERUDA

Un beso

Rodrigo Gallo

PS: confesso que vivemos por Neruda